terça-feira, 16 de junho de 2015

Contributo para uma história da fotografia privada, ou de como um álbum duma família de Matosinhos me veio parar às mãos.

Há dois dias atrás um amigo, que vive em Aldeia Galega, actual Montijo, ofereceu-me um antigo álbum de fotografias.
Tem a maior parte das fotografias do álbum  a data de 1912, e são de uma família de Matosinhos que aquele meu amigo não soube precisar, estavam num sótão e a elas teve acesso, quando herdou bens duma tia.

Foram quase todas estas fotografias tiradas em ateliers fotográficos do Porto,  estúdios que a partir de 1850 se instalam naquela cidade.

Será Miguel Novaes o primeiro fotógrafo a ter uma casa fotográfica estabelecida no Porto desde 1854, depois dois anos corridos seria a vez de Louis Monnet e ainda Alfredo Fillon, que se passaria para Lisboa em 1857.

Em 1892 Guedes de Oliveira fundou estabelecimento próprio no Porto, a fotografia Guedes, onde alguns exemplares de fotografias deste álbum foram tiradas. Henrique António Guedes de Oliveira trabalhou durante algum tempo na firma Sala&Irmão que em 1885 pertencia a Fulgêncio da Costa Guimarães, em 1886 Guimarães associa-se a Guedes de Oliveira. Tiveram uma filial em Vila Real, editando uma revista ilustrada e um álbum Fotográfico com fotografias da ponte D.Luís I, e depois uma série sobre monumentos e obras de arte na senda de Emílio Biel, a casa Biel.
A fotografia Guedes participou na exposição Industrial Portuguesa em 1887 com fotografias e platinotipias, a a partir de 1905 passou a contar com a colaboração do irmão de  Guedes de Oliveira, Constantino Guedes que tinha trabalhado como operador na Casa Biel. Em 1904 concorreu à exposição de S. Luís e no ano seguinte publicou uma série de postais do carnaval do Porto. Ainda no mesmo ano vai inaugurar, com grande sucesso, a foto-pintura, em fotografias coloridas de crianças e senhoras distintas de famílias da sociedade expostas no salão do atelier.

Para lá da sua actividade como fotógrafo, Guedes de Oliveira dedicou-se ao jornalismo, colaborou na coluna Voz Pública d´O Primeiro de Janeiro e noutros periódicos portuenses. Interessou-se também pela dramaturgia em pequenas peças ou revistas para os teatros do Porto. Ainda cultivou a poesia , com o volume Caustícos de 1883.

Apoiou as artes organizando várias exposições no seu estúdio como a de 1897, com pinturas de Veloso Salgado, Roque Gameiro e Carlos Reis, e esculturas de Teixeira Lopes, o volumoso catálogo, ilustrado em zincogravura, incluía a fotografia de cada artista e uma reprodução de uma das obras. Em 1899, em Março outra exposição com trabalhos de Aurélia de Sousa e de outras alunas da academia portuense de belas artes.




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