quinta-feira, 29 de outubro de 2015

"Em nome da felicidade"

Eu já fui a Val de Vargo
Fazer uma diligência.
Às vezes faço-me de parvo
Mas é para minha conveniência.

Quadra popular





Este conjunto de fotografias tem 38 anos (1977), e foram captadas por uma máquina Kodak Instamatic, (foram das primeiras que fiz), no Crato, durante o  chamado, "Verão quente".





Uma visita, a uma cooperativa durante a "reforma agrária", e foram tiradas numa altura em que o problema alentejano se carregava de elementos estranhos nas herdades do Alentejo travava-se "em nome da felicidade" dos trabalhadores rurais, uma batalha pela conquista do poder político em Portugal.




Na refrega das ideologias, entregava-se nesse tempo a título da solidariedade internacionalista apanágio do Sindicato e da tutela do Partido Comunista, material agrícola, máquinas debulhadoras, tractores, camionetas, etc, oriundos da então,  União das Republicas Socialistas Soviéticas.  


Quando as terras foram "ocupadas", os donos das herdades preenchiam a imagem desprezada, invejada e ressentida do rico que, tendo bastante para si, não se preocupava com os problemas da comunidade e não aproveitava  os recursos que lhe tinham cabido.





A ordem deste mundo foi abalada pelo 25 de Abril, primeiro nas almas e depois nas coisas. Promoviam-se ocupações de herdades por grupos de trabalhadores estimulados por militares (MFA), e pelo PCP.





Durante todo este período, a GNR, expressão tradicional visível da autoridade do Estado (identificada durante o Estado Novo com o domínio  das classes dirigentes), manteve-se sumida exibindo um " perfil baixo".

Naquela época as relações entre as autoridades militares e os partidos políticos variavam frequentemente  de teor e em Março de 1975, eram obviamente mais cordiais e fáceis com o PC do que com os outros.




A chamada « Lei da Reforma Agrária» foi anunciada pela televisão ao país em 15 de Abril de 1975 e as primeiras expropriações foram anunciadas em portaria em Setembro desse ano.





As cooperativas eram organizações tensas e instáveis, não havia noção clara do estatuto jurídico futuro, nem havia plano económico de exploração. Foram fomentadas em grande medida pelo PC, que se apresentou pela voz dos dirigentes locais, garantes das «conquistas do povo português».
O camponês, mesmo sem terra, o trabalhador rural proletarizado do latifúndio era contudo prudente e avisado com uma percepção fina do mundo que o cercava e o dominava e contra o qual organizava o seu modus vivendi.

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