terça-feira, 22 de maio de 2018

Tudo é possível

Num dos seus conhecidos textos " O Fim da Arte", Artur Danto (1924- 2013), havia já situado o fim da arte nos anos sessenta do século XX, com o seu ensaio critico sobre as Brillo Box de Andy Warhol, a arte chegava ao seu ocaso, quando fosse impossível distinguir e separar com clareza a arte da vida, e essa coincidência seria o remate final e a causa da sua morte.
Danto mostra como por detrás do eclipse do expressionismo abstracto  a arte se vai afastando irrevogavelmente do caminho histórico que Vasari tinha definido para a arte desde o Renascimento.
De modo que so um novo caminho critico pode ajudar a entender esta era pós-histórica em que estamos hoje mergulhados . Um tempo em que as categorias tradicionais da teoria de arte não podem já explicar a diferença entre, por exemplo uma obra de Andy Warhol e um vulgar produto de limpeza à venda num supermercado, as Brillo Box em que o artista se inspirou, limitando-se a exibir  esse objecto comercial, tal e qual, numa galeria de arte, fazendo assim coincidir a arte e o real. 
A Pop, "arte do povo", o futuro dos museus, e a contribuição de Clemente Greenberg (ver publicação anterior), são criticados por Danto, a partir da teoria mimética (a ideia da arte como representação fiel do real) até às manifestações pós modernas  dos anos setenta e oitenta do século XX.
Em conclusão, já não e possível aplicar os modelos da estética tradicional a arte contemporânea, dai a necessidade de focar o debate (quando há, estamos em Portugal), na filosofia de arte, de modo a relançar luz sobre a característica talvez mais  surpreendente da arte destes nossos dias, a de que "tudo é possível".


1 comentário:

  1. A opinião~de Danto não era que não devia haver mais arte, tal como implica a palavra «morte», mas sim que qualquer nova arte não podia sustentar nenhum tipo de relato que pudesse ser considerado como sendo uma nova etapa seguinte. o que tinha chegado ao fim era esse relato em si mesmo.

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