quinta-feira, 4 de junho de 2015

Ver fotograficamente, segundo Edward Weston (1886-1958)

Edward Weston iniciou a sua carreira fotográfica como membro do movimento Foto-Secessão, realizando fotografias com focagem suave que realçavam padrões de luz e formas geométricas simples. Ao contrário dos fotógrafos e pintores realistas do séc.XIX, Weston considerava que a essência da vida residia mais na simplicidade do que na variedade da forma. As suas fotografias caracterizam-se por subtis mudanças dos tons e texturas de temas simples e reconhecíveis. Como a maioria dos fotógrafos «directos», não acreditava no corte das provas finais, e achava que o acto criativo se baseava no acto de visualizar antecipadamente, através da objectiva, uma representação bela e objectiva de uma porção do mundo. Para ele o negativo representava a verdade da pré-visualização e o resultado não podia ser alterado, e mesmo assim podia ser considerado uma obra de arte. Influênciados por ele vários fotógrafos juntaram-se em 1932, e formaram o grupo «f/64», Ansel Adams, Imogen Cunnigham, Jonh Paul Edwards, Sonia Noskowiak, Henry Swift e Willard van Dyke. Excluídos por galerias e museus pelo seu trabalho pouco convencional, realizavam as suas próprias exposições.
Aqui está o seu pensamento sobre fotografia, segundo o seu próprio depoimento escrito;

"Cada meio de expressão impõe ao artista as suas próprias limitações, limitações inerentes aos utensílios, aos materiais ou aos processos que utiliza. Nas antigas formas de arte, estas restrições naturais estão bem estabelecidas e são consideradas dados de facto. Escolhemos a música ou a dança, a escultura ou a escrita porque sentimos que, dentro dos seus limites, esse será o meio que nos permite exprimir melhor o que temos para dizer."

Weston pensava que a fotografia embora tivesse já completado o seu centenário ainda não estava nesse patamar de familiarização, porque os fotógrafos não tinham logo de início meios de orientação e por isso adoptaram o léxico da pintura, pronto a usar.

"O verdadeiro dano reside no facto de que o falso padrão se tivesse estabelecido firmemente, fazendo com que o objectivo do empenho artístico tornasse a pintura fotográfica, mais do que fotografia."

Weston achava que isso tinha atrasado o reconhecimento do verdadeiro potencial criativo que a fotografia proporcionava.

"Quando tentamos reunir as melhores obras do passado escolhemos com frequência exemplos de trabalho daqueles cuja preocupação primária não era estética."

Weston achava por isso que esses exemplos de qualidade se podiam antes encontrar em trabalhos comerciais da época do daguerreótipos, nos registos da guerra da secessão, os documentos da fronteira americana, o trabalho de amadores e profissionais que praticavam a fotografia pela fotografia.

"A imagem fotográfica tem mais da natureza de um mosaico do que de uma pintura ou desenho, não contém linhas, no sentido do pintor, mas é inteiramente constituída por minúsculas partículas."

Quando a pureza dessas partículas era destruída por ampliações exageradas, pela intrusão do trabalho manual ou pela impressão em superfícies irregulares a integridade da fotografia era destruída.




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